terça-feira, 2 de setembro de 2008

Lula anunciará negócios sinistros nesta semana

Fonte: www.sortirdunucleaire.org – 01.09.2008

Nesta semana o movimento ambientalista brasileiro deveria estar em polvorosa...


[Nesta semana o movimento ambientalista brasileiro deveria estar em polvorosa, em agitação, a propósito de uma série de acordos que irão ser firmados e anunciados pelo presidente Lula no campo militar e nuclear. Mas, o que vamos ver mais uma vez, é o silêncio reger nosso dia-a-dia, sem nenhuma oposição combativa a tais sinistros e dispendiosos projetos.]

Entendendo melhor...

Lula irá anunciar nesta semana o Plano Estratégico de Defesa Nacional para os próximos 30 anos. Ou seja, comprar mais material bélico. Não foi à toa que no último ano o ministro da Defesa, Nelson Jobin, ministro dos Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, e o Alto Comando das Forças Armadas, visitaram diversos países que são potencias militares para negócios macabros.

“É essencial para a defesa (o reequipamento), como suporte da ação política e diplomática no exterior, e estreitamente ligado à dinâmica social do país, que tem merecido minha atenção e meu esforço na qualidade de comandante supremo das Forças Armadas. Estamos juntos nessa grande empreitada, que é tornar a nossa força aérea cada vez mais avançada e eficaz”, disse o presidente Lula, depois de comprar caças Mirage-2000 da França, em 2006. “Me senti o próprio guerreiro ali dentro”, ainda explicou o presidente depois de entrar num Mirage-2000.

Já no dia 6 de setembro, em Recife (PE), os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Cristina Kirchner, da Argentina, vão anunciar o projeto de uma empresa binacional na área nuclear, que atuará, além do enriquecimento de urânio, na produção de radiofármacos, em projetos nas áreas de saúde e agricultura e no desenvolvimento de reatores de pesquisa e tecnologia de materiais e em submarinos nucleares.
De acordo com G. Honty, analista de informação em temas de energia e cambio climático do CLAES (Centro Latino Americano de Ecologia Social), de Montevidéu, Uruguai, “esta empresa não se limitaria a área geográfica desses dois países, mas sim que espera ampliar-se a toda América do Sul, onde, segundo o governo brasileiro, se estariam construindo entre 12 e 15 centrais nucleares antes de 2030”.

Ele diz ainda: “Neste contexto anunciado pelos presidentes do Brasil e Argentina resulta preocupante. Mais à luz da própria experiência que tiveram devido afrontar estes países na construção de suas plantas, Atucha II e Angra III, que estiveram paradas por mais de duas décadas. A única explicação plausível é que, na realidade, a aposta do Brasil está mais vinculada a uma estratégia geopolítica, orientada a ingressar no “clube” das potencias nucleares pensando mais em fins
militares que energéticos. Não em vão, o Brasil inclui no pacote
nuclear uma planta de enriquecimento de urânio, instancia necessária para a alimentação das armas atômicas”.

Séries de acidentes nucleares atingiram vários países europeus neste último verão. Não é só a Espanha e a França que têm tido problemas com as suas centrais nucleares. Acidentes nas centrais nucleares também se verificaram neste Verão na Alemanha, Eslovênia, Áustria, Ucrânia e Bélgica.

Na Bélgica, por exemplo, um acidente de nível 3 ocorrido no passado 24 de agosto no Institut dês Radioélements (IRE), em Fleures, desencadeou um alerta e as suas conseqüências, apesar de serem minimizadas pela Agência Federal Belga de Controle Nuclear ( AFCN), levou à interdição do consumo de legumes e do leite nas redondezas do local onde se encontram as instalações daquele instituto.

Na Espanha, no mesmo dia, ocorreu um importante incêndio na central nuclear de VandellosII (situada na Catalunha), o que levou à sua parada forçada. Note-se mesmo que desde o princípio deste ano já se produziram umas 30 ocorrências acidentais nas centrais espanholas.

Na Alemanha, em Asse, a população local tomou conhecimento no final do passado mês de junho que uma contaminação de grande amplitude atingia as minas de sal desde há anos, a partir dos detritos nucleares armazenados.

Por sua vez, na Áustria, verificou-se um incidente na noite de 2 para 3 de agosto nos laboratórios da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) a 35km de Viena e que só por muita sorte não teve conseqüências maiores…

Também na Ucrânia uma fuga de água radioativa obrigou à parada de um reator da central nuclear de Rivné no passado mês de junho.

Nesta série de ocorrências devemos incluir ainda o caso verificado na Eslovênia a 4 de junho deste ano na central nuclear de Krsko e que desencadeou, inclusive, um alerta europeu, não se sabendo ainda o que é que então se passou.

Por fim, na França deram-se vários e preocupantes incidentes como a grave figa de urânio (a 7 de julho), a descoberta de contaminações por causa do rompimento de uma canalização (18 de julho), a contaminação de 100 funcionários na Central Nuclear EDF de Tricason (23 de julho), a contaminação de 15 trabalhadores na central de Isère (20 de julho), despejos ilegais de carbono 14 radioativo (a 6 de agosto, na central Socatri-Areva), rompimento de uma canalização (a 21 de agosto, na
central de Comurhex-Areva, situado em Pierrelatte, no Drôme).

Antes que uma catástrofe nuclear aconteça com conseqüências imprevisíveis, nunca é demais alertar a opinião pública para a gravidade das contaminações e dos perigos inerentes à indústria nuclear.

El Pececito Chuva de Fogo

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