sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Passeio Ecológico: Açude Castanhão, Nova Jaguaribara, Polo Bezerra de Menezes


Passeio Ecológico Proparque
Açude Castanhão, Nova Jaguaribara, Polo Bezerra de Menezes
Dia 7 de março de 2010

Saída: 6h do Parque Ecológico Rio Branco- entrada da rua Castro Alves.
Retorno: 16h, com previsão de chegada a Fortaleza às 19h30min.


ROTEIRO:

1) Visita ao Açude Castanhão, a maior reserva de água potável do Estado do Ceará, construído com a finalidade de aliviar o drama das secas recorrentes e, ao mesmo tempo, evitar o alagamento das cidades que margeiam o rio Jaguaribe nos anos de chuvas fartas, como registra a história. Sob suas águas descansa a cidade de Jaguaribara, cuja população foi transferida para a Nova Jaguaribara, a primeira cidade planejada do Ceará.
O Castanhão é uma obra que envolve técnicas modernas de engenharia e, ao mesmo tempo, o misticismo do profeta que disse: “O sertão vai virar mar”, numa alusão ao que é hoje o açude.

2) Nova Jaguaribara, a cidade planejada para receber os moradores da antiga cidade coberta pelas águas, tem um pé no passado e outro no futuro. Ruas largas, espaços públicos amplos, alamedas, praças, tudo parece aguardar o início de uma história que a memória recente parece não querer ceder espaço, presa que está às lembranças e afetos afogados pelas águas do Castanhão. A igreja matriz foi feita com a mesma arquitetura da antiga, os mortos que descansavam no cemitério foram transferidos para a nova cidade, mas as lembranças, estas, são as mais difíceis de se transportar...


3) Polo Bezerra de Menezes, o assentamento modelo tem projetos sociais que envolvem mais de 400 crianças em uma área cheia de verde e de esperança. O lugar onde nasceu o grande cearense Bezerra de Menezes, o Médico dos Pobres, cuja vida foi baseada no Amor e na Caridade, hoje é um espaço onde reina a natureza.


Investimento: R$ 70,00 ( inclui transporte em ônibus executivo com ar-condicionado, banheiro, som e DVD, lanche, água e almoço).

Importante: as adesões ao passeio devem ser feitas até o dia 28 de fevereiro mediante o pagamento do pacote.

Recomendações: usar roupas leves, tênis, chapéu ou guarda-sol e protetor solar. Quem quiser descansar após o almoço pode levar rede ou colchonete.








Sobre o Movimento Proparque

O Movimento Proparque é formado por moradores do bairro Joaquim Távora e adjacências. Desde 1995 tem como missão realizar atividades em defesa do Parque Ecológico Rio Branco. Entre seus projetos destacam-se: Vejo Flores em Você, de incentivo à plantação de mudas no parque e ao cuidado com elas. Manhã Verde é outro projeto realizado com os usuários do parque e demais convidados, quando é apresentado um assunto de interesse relevante para a comunidade e para o parque. Outro projeto do Proparque é o Luau Literário, em noites de lua cheia, cuja finalidade é incentivar o uso do parque para atividades socioculturais e reunir a comunidade em clima de descontração e alegria. A Festa da Vida já é conhecida de toda a cidade de Fortaleza, quando se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente. O mais bem-sucedido projeto, porém, são os Passeios Ecológicos, cujo objetivo é promover a contemplação das diversas paisagens do nosso Estado e, ao mesmo tempo, formar modesto caixa para as atividades do Movimento Proparque. Neste 2009, a Festa da Vida teve o patrocínio dos Passeios Ecológicos, quando foi possível alugar som, imprimir materiais de divulgação, fazer camisetas, entre outras coisas. Portanto, quem participa dos passeios ajuda o Proparque em suas atividades.

Sobre os Passeios Ecológicos

Os passeios ecológicos surgiram da necessidade de recursos financeiros para as atividades do Proparque. Os projetos que são desenvolvidos pelo Movimento Proparque são custeados exclusivamente pelos Passeios Ecológicos. Portanto, quem adere aos passeios também é Proparque! Os passeios ecológicos têm, também, a finalidade de incentivar práticas ambientais saudáveis através de vivências e da contemplação dos ecossistemas visitados.



Passeios previstos em 2010:

Janeiro -> Guaramiranga
Março -> Jaguaribara
Abril -> Praia da Lagoinha
Maio -> Quixadá (visita especial à casa de Rachel de Queiroz)
Junho -> Sete Cidades ( PI)
Julho -> Acaraú
Agosto -> Serra da Ibiapaba
Setembro -> Canindé (turismo religioso)
Outubro -> Praia de Mundaú
Novembro -> Maranguape
Dezembro -> Camocim.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Carta em Defesa do Código Florestal

CARTA DE RIBEIRÃO PRETO E REGIÃO EM DEFESA DO CÓDIGO FLORESTAL
Por Justiça Ambiental, Social e Agrária


Nós, representantes de movimentos ambientalistas, sociais, sindicais e estudantis, de partidos políticos, da comunidade científica, de instituições públicas e de outras entidades da sociedade civil organizada, participantes do ATO PÚBLICO EM DEFESA DO CÓDIGO FLORESTAL, realizado no dia 29 de janeiro de 2010, na Câmara Municipal de Ribeirão Preto,

I - Considerando:

a) a tentativa de desmonte da legislação ambiental brasileira, patrocinada pela bancada ruralista do Congresso Nacional, que, em prejuízo dos interesses do povo brasileiro, apresentou diversos projetos de lei que visam revogar ou modificar o Código Florestal (Lei nº 4.771/65), a Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81), a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98) e a Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (Lei nº 9.985/2000);

b) a prevalência dos interesses corporativos de grandes grupos econômicos ligados ao agronegócio nas propostas de alteração das leis ambientais, contrariando as medidas necessárias à proteção dos recursos naturais;

c) a restrita divulgação das audiências públicas promovidas pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados, capitaneada pelos ruralistas, para o debate desses projetos de lei;

d) a magnitude dos desastres ambientais causados pela perversa combinação entre mudanças climáticas, pobreza, expansão devastadora do agronegócio, pressão da especulação imobiliária e descumprimento da legislação protetiva;

e) a redução, a ocupação e a exploração das áreas de preservação permanente e de reserva legal previstas nas propostas de alteração do Código Florestal, e os prejuízos que poderão causar:

• à biodiversidade, porque reduz o número de espécies da flora e da fauna; reduz o fluxo gênico; provoca a erosão genética e a perda de habitat de espécies da fauna;

• ao equilíbrio climático, porque diminui a umidade relativa do ar; eleva as temperaturas médias; modifica o regime de chuvas que ficam cada vez mais concentradas num período do ano;

• ao ciclo hidrológico, porque reduz a vazão dos corpos d’água e favorece a sua contaminação;

• aos solos, porque diminui sua atividade microbiana; aumenta a exposição do solo aos efeitos negativos da radiação solar;

• à saúde pública, porque aumenta os índices de doenças devido ao desconforto climático, à baixa umidade relativa do ar e à invasão de vetores de microorganismos patogênicos;

f) a impunidade gerada pelo adiamento da aplicação das sanções relacionadas a infrações ambientais praticadas no Brasil;

g) o caráter perverso do padrão de produção agrícola adotado pelo agronegócio, baseado na concentração fundiária, na monocultura de exportação, no uso intensivo de agroquímicos, na exploração do trabalhador e na expulsão do homem do campo;

h) a superioridade do modelo da agricultura familiar para a geração de postos de trabalho e para a produção de alimentos;

i) o descaso do Poder Público em exigir, com base na Constituição da República, o cumprimento da função social da terra;

j) a inércia do Poder Público em desapropriar os imóveis rurais que descumprem a função ambiental, independentemente dos índices de produtividade, como autoriza a Constituição da República;

k) a inércia do Poder Público em desapropriar os imóveis rurais onde ocorrem violações às normas de proteção das relações de trabalho, independentemente dos índices de produtividade, como autoriza a Constituição da República.

II - Reivindicamos:

a) a manutenção da legislação ambiental vigente;

b) a plena e imediata recuperação ambiental das áreas de preservação permanente e de reserva legal;

c) a criação de programa nacional de adequação socioambiental das pequenas unidades de produtores rurais e dos assentamentos da reforma agrária, que contemple:

• estímulo à policultura, à produção agrícola sustentável, à geração de postos de trabalho no campo, à agricultura orgânica, à implantação de agroflorestas;

• programa de assistência técnica contínua e com qualificação para o manejo ambiental;

• fomento para recuperação de áreas de preservação permanente e de reserva legal;

• política de comercialização da produção familiar, para evitar que a agricultura convencional exerça pressão sobre a área preservada;

d) a abertura de amplo processo de debate com a sociedade a respeito dos temas acima elencados;

e) a ampla e prévia divulgação das audiências públicas promovidas pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados, para que todos os segmentos da sociedade civil possam efetivamente delas participar.

III – Não aceitaremos: (proposta de redação – autor Mauro)

a) a submissão da dignidade humana e do bem comum aos desígnios do mercado;

b) a subversão do princípio democrático, consagrado nas Constituições contemporâneas, que determina a supremacia do interesse socioambiental sobre o privado;

c) a desqualificação da legislação ambiental;

Nessa quadra da História, o retrocesso na proteção ambiental é inadmissível.

ENTIDADES QUE APOIAM A CARTA DE RIBEIRÃO PRETO EM DEFESA DO CÓDIGO FLORESTAL

(por ordem alfabética)

1. ABEEF – Associação de Estudantes de Engenharia Florestal

2. ABEF – Associação Brasileira dos Estudantes de Filosofia

3. Acampamento Independente – Guaiçara/SP

4. ADA – Agência de Desenvolvimento de Araraquara /SP

5. ADUSP – Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo

6. Agenda Ambiental – Núcleo de Política e Ciência Ambiental – Depto. Biologia – FFCLRP – USP

7. AMAR – Associação de Mães e Amigos de Adolescentes em Risco

8. ANATEC – Associação Nacional de Assistência Técnica da Reforma Agrária

9. ANEL – Assembléia Nacional dos Estudantes Livres

10. ANPG – Associação Nacional de Pós-Graduandos

11. ANPRA – Associação Nacional de Apoio a Reforma Agrária

12. ANVB – Associação Nacional dos Violeiros do Brasil

13. APEOESP – Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo - Subsede de Ribeirão Preto

14. Associação Ambientalista de Marília ORIGEM

15. Associação Amigos do Arquivo Público Municipal de Ribeirão Preto

16. Associação Amigos do Memorial da Classe Operária

17. Associação Cultural e Ecológica Pau-Brasil

18. Associação Cultural Humanística

19. Associação Olhos D’Água

20. Associação Pró-Fitoterapia de Ribeirão Preto

21. AVA – Associação Vida Animal

22. CACB – Centro Acadêmico de Ciências Biológicas – ESALQ-USP

23. CAER – Centro Acadêmico Emílio Ribas – Nutrição - USP

24. CAFI – Centro Acadêmico da Filosofia USP – RP

25. CAHIS – Centro Acadêmico de História - UNIFESP

26. CALC – Centro Acadêmico Lupe Cotrim – ECA-USP

27. CATO – Centro Acadêmico de Terapia Ocupacional – USP

28. CEB – Centro Estudantil da Biologia “Maria Madalena da Costa Teles” – USP- RP

29. CEBES – Centro Brasileiro de Estudos de Saúde

30. CEDHEP – Centro de Direitos Humanos e Educação Popular – Ribeirão Preto

31. CEEFLORUSP – Centro de Estudos e Extensão Florestal da USP-Ribeirão Preto

32. Cedro-Mulher – Centro de Defesa dos Direitos da Mulher

33. CELACC – Centro de Estudos Latino-americanos de Comunicação e Cultura – ECA – USP

34. Centro Acadêmico Biologia – UFSCar – São Carlos

35. Centro Acadêmico Professor Paulo Freire – USP -SP

36. Centro Acadêmico Rui Barbosa da Escola de Educação Física e Esporte da USP

37. Centro Acadêmico de Tecnologia da Unicamp – Limeira - SP

38. Centro Cultural Orùnmilá – Ribeirão Preto

39. Centro de Formação Dom Hélder Câmara

40. CES – Centro dos Estudantes de Santos

41. CEUNSP – Itu-SP

42. Ciranda em Defesa da Educação Infantil Pública, Gratuita e de Qualidade

43. Círculo de Ação Popular José Rosa Melo – CAP-Quintino

44. Coletivo Educador Ipê Roxo

45. Coletivo Universidade Popular da Unicamp – Campinas -SP

46. Comitê em Defesa da Reserva Legal – Ribeirão Preto

47. CONLUTAS – Coordenação Nacional de Lutas

48. COOPERECOS – Cooperativa de Manejo da Agrobiodiversidade do Assentamento Sepé Tiarajú

49. CUT – Central Única dos Trabalhadores – Estadual São Paulo e Subsede de Ribeirão Preto

50. DAMAC – Diretório Acadêmico Mackenzie – SP

51. DC AGRO – Diretório do Curso de Agronomia - ESALQ-USP

52. DCE –USP – Diretório Central dos Estudantes Livre Alexandre Vanucchi – Leme -SP

53. Diretório Acadêmico da Biologia – Barão de Mauá – Ribeirão Preto

54. ECOSURFI – Entidade Ecológica dos Surfistas – Itanhaém-SP

55. EIV-SP — Estágio Interdisciplinar de Vivência-São Paulo

56. ENEBIO – Entidade Nacional de Estudantes de Biologia

57. ENESSO – Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social

58. Entidade Ambientalista Ibiré

59. Estação Luz Espaço Experimental de Tecnologias Sociais

60. EXNEEF — Executiva Nacional de Educação Física

61. Executiva Nacional dos Estudantes de Pedagogia de São Paulo

62. FEAB – Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil

63. FEPARDO – Federação Pardo Grande de Entidades Ecológicas e Ambientalistas

64. FERAESP – Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo

65. Fórum dos Cursinhos Populares de Ribeirão Preto e Região

66. Fórum dos Movimentos Sociais BR 163/PA – Campo Verde – Itaituba-PA

67. Frente Popular Dario Santillan - Argentina

68. FREPOP – Fórum de Educação Popular – Lins – SP

69. GEA – Grupo de Estudos Ambientais da USP - SP

70. Grupo de Pesquisa Educação e Direito na Sociedade Brasileira Contemporânea – Departamento de Educação UFSCar – São Carlos/SP

71. GREENPEACE

72. Grupo de Pesquisa Educação e Direito na Sociedade Brasileira Contemporânea – UFSCar

73. GP – DARAF - Grupo Pesquisas para o Desenvolvimento dos Assentamentos Rurais e da Agricultura Familiar – ESALQ-USP

74. Grupo de Pesquisa Trabalho, Organização Social e Comunitária – Depto. Psicologia - UFSCar

75. Instituto Ambiente em Foco – Piracicaba - SP

76. Instituto Cultural Lindolpho Silva

77. Instituto de Educação e Pesquisa Ambiental Planeta Verde – Taquaritinga

78. MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens

79. Movimento Estudantil A Hora é Essa Ousar Lutar, Ousar Vencer

80. MEGaia – Movimento Estudantil Gaia – Barão de Mauá – Ribeirão Preto

81. MLST – Movimento de Libertação dos Sem Terra

82. Movimento das Artes – Ribeirão Preto

83. Movimento do Ministério Público Democrático

84. Movimento da Não Violência - Franca

85. MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

86. MULECA – Movimento Universitário Livre de Educação Cultura e Arte

87. NATRA – Núcleo Agrário “Terra e Raiz” – UNESP - Franca

88. NEPA – Núcleo de Pesquisa em Política Ambiental – EESC-USP

89. NEPED – Núcleo de Estudos e Pesquisas Sociais em Desastres – Depto. Sociologia – UFSCar

90. NEPA – Núcleo de Pesquisa em Política Ambiental –Programa de Pós-Graduação em Ciências da Engenharia Ambiental – da Escola de Engenharia USP –São Carlos/SP

91. OCA – Laboratório de Educação e Política Ambiental – ESALQ - USP

92. ONG Ribeirão Em Cena

93. Organizacion Nacional “ La Minga ” - Colombia

94. Pastorais Sociais da Arquidiocese de Ribeirão Preto

95. Pastoral da Terra e dos Trabalhadores Migrantes – Lins - SP

96. PCB – Partido Comunista Brasileiro — Secretaria Estadual

97. PCdoB – Partido Comunista do Brasil – Comitê Municipal

98. PDT – Partido Democrático Trabalhista

99. PRÁXIS – Instituto de Políticas Públicas

100. PRODEMA – Proteção e Defesa do Meio Ambiente – Jandira-SP

101. PSOL – Partido Socialismo e Liberdade

102. PSTU – Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados

103. PT – Partido dos Trabalhadores – Diretório Municipal de Ribeirão Preto

104. PV – Partido Verde – Araraquara

105. PV – Partido Verde - Nordeste Paulista

106. PV – Partido Verde - Franca

107. Rede de ONGs da Mata Atlântica

108. SAJU – Serviço de Assessoria Jurídica Universitária - Direito -SP

109. SARA – Serviço de Aprendizagem Rural ao Adolescente – Cravinhos-SP

110. SASP – Sindicato dos Arquitetos do Estado de São Paulo

111. Secretaria Acadêmica Pró-Ambiental – Engenharia Ambiental – USP – São Carlos

112. Seminário Gramsci

113. Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto

114. Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos – Ribeirão Preto

115. Sindicato dos Trabalhadores Rurais União e Luta – Paraguaçu Paulista - SP

116. SINSPREV – Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência – Ribeirão Preto

117. Sociedade Ecológica Boca da Mata - Cajuru

118. S.O.S. Mata Atlântica

119. Teia da Vida – Vivências Ambientais

120. UBES – União Brasileira dos Estudantes Secundaristas

121. UEE – União Estadual dos Estudantes – São Paulo

122. UJS – União da Juventude Socialista

123. UNE – União Nacional dos Estudantes

124. UPES – União Paulista dos Estudantes Secundaristas

125. Via Campesina[1]

[1] Atualização em 01.2.2010 – 12h10

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Navios Furtam Água Doce do Brasil

Navios-tanque traficam água de rios da Amazônia

fevereiro 6, 2010 in Água | Tags: Amazônia, Águas, Crime Ambiental, Descaso Ambiental, Direito Ambiental, Hidropirataria, Legislação Ambiental, Rio Amazonas, Tráfico de água doce

Por Chico Araújo, da Agência Amazônia

BRASÍLIA – É assustador o tráfico de água doce no Brasil. A denúncia está na revista jurídica Consulex 310, de dezembro do ano passado, num texto sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o mercado internacional de água. A revista denuncia: “Navios-tanque estão retirando sorrateiramente água do Rio Amazonas”. Empresas internacionais até já criarem novas tecnologias para a captação da água. Uma delas, a Nordic Water Supply Co., empresa da Noruega, já firmou contrato de exportação de água com essa técnica para a Grécia, Oriente Médio, Madeira e Caribe.

Conforme a revista, a captação geralmente é feito no ponto que o rio deságua no Oceano Atlântico. Estima-se que cada embarcação seja abastecida com 250 milhões de litros de água doce, para engarrafamento na Europa e Oriente Médio. Diz a revista ser grande o interesse pela água farta do Brasil, considerando que é mais barato tratar águas usurpadas (US$ 0,80 o metro cúbico) do que realizar a dessalinização das águas oceânicas (US$ 1,50).

Há trás anos, a Agência Amazônia também denunciou a prática nefasta. Até agora, ao que se sabe nada de concreto foi feito para coibir o crime batizado de hidropirataria. Para a revista Consulex, “essa prática ilegal, no então, não pode ser negligenciada pelas autoridades brasileiras, tendo em vida que são considerados bens da União os lagos, os rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seus domínio (CF, art. 20, III).

Outro dispositivo, a Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, atribui à Agência Nacional de Águas (ANA), entre outros órgãos federais, a fiscalização dos recursos hídricos de domínio da União. A lei ainda prevê os mecanismos de outorga de utilização desse direito. Assinado pela advogada Ilma de Camargos Pereira Barcellos, o artigo ainda destaca que a água é um bem ambiental de uso comum da humanidade. “É recurso vital. Dela depende a vida no planeta. Por isso mesmo impõe-se salvaguardar os recursos hídricos do País de interesses econômicos ou políticos internacionais”, defende a autora.

Segundo Ilma Barcellos, o transporte internacional de água já é realizado através de grandes petroleiros. Eles saem de seu país de origem carregados de petróleo e retornam com água. Por exemplo, os navios-tanque partem do Alaska, Estados Unidos – primeira jurisdição a permitir a exportação de água – com destino à China e ao Oriente Médio carregando milhões de litros de água.

Nesse comércio, até uma nova tecnologia já foi introduzida no transporte transatlântico de água: as bolsas de água. A técnica já é utilizada no Reino Unido, Noruega ou Califórnia. O tamanho dessas bolsas excede ao de muitos navios juntos, destaca a revista Consulex. “Sua capacidade [a dos navios] é muito superior à dos superpetroleiros”. Ainda de acordo com a revista, as bolsas podem ser projetadas de acordo com necessidade e a quantidade de água e puxadas por embarcações rebocadoras convencionais.

Há seis anos, o jornalista Erick Von Farfan também denunciou o caso. Numa reportagem no site eco21 lembrava que, depois de sofrer com a biopirataria, com o roubo de minérios e madeiras nobres, agora a Amazônia está enfrentando o tráfico de água doce. A nova modalidade de saque aos recursos naturais foi identificada por Farfan de hidropirataria. Segundo ele, os cientistas e autoridades brasileiras foram informadas que navios petroleiros estão reabastecendo seus reservatórios no Rio Amazonas antes de sair das águas nacionais.

Farfan ouviu Ivo Brasil, Diretor de Outorga, Cobrança e Fiscalização da Agência Nacional de Águas. O dirigente disse saber desta ação ilegal. Contudo, ele aguarda uma denúncia oficial chegar à entidade para poder tomar as providências necessárias. “Só assim teremos condições legais para agir contra essa apropriação indevida”, afirmou.

O dirigente está preocupado com a situação. Precisa, porém, dos amparos legais para mobilizar tanto a Marinha como a Polícia Federal, que necessitam de comprovação do ato criminoso para promover uma operação na foz dos rios de toda a região amazônica próxima ao Oceano Atlântico. “Tenho ouvido comentários neste sentido, mas ainda nada foi formalizado”, observa.

Águas amazônicas

Segundo Farfan, o tráfico pode ter ligações diretas com empresas multinacionais, pesquisadores estrangeiros autônomos ou missões religiosas internacionais. Também lembra que até agora nem mesmo com o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) foi possível conter os contrabandos e a interferência externa dentro da região.

A hidropirataria também é conhecida dos pesquisadores da Petrobrás e de órgãos públicos estaduais do Amazonas. A informação deste novo crime chegou, de maneira não oficial, ao Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), órgão do governo local. “Uma mobilização até o local seria extremamente dispendiosa e necessitaríamos do auxílio tanto de outros órgãos como da comunidade para coibir essa prática”, reafirmou Ivo Brasil.

A captação é feita pelos petroleiros na foz do rio ou já dentro do curso de água doce. Somente o local do deságüe do Amazonas no Atlântico tem 320 km de extensão e fica dentro do território do Amapá. Neste lugar, a profundidade média é em torno de 50 m, o que suportaria o trânsito de um grande navio cargueiro. O contrabando é facilitado pela ausência de fiscalização na área.

Essa água, apesar de conter uma gama residual imensa e a maior parte de origem mineral, pode ser facilmente tratada. Para empresas engarrafadoras, tanto da Europa como do Oriente Médio, trabalhar com essa água mesmo no estado bruto representaria uma grande economia. O custo por litro tratado seria muito inferior aos processos de dessalinizar águas subterrâneas ou oceânicas. Além de livrar-se do pagamento das altas taxas de utilização das águas de superfície existentes, principalmente, dos rios europeus. Abaixo, alguns trechos da reportagem de Erick Von Farfan:

O diretor de operações da empresa Águas do Amazonas, o engenheiro Paulo Edgard Fiamenghi, trata as águas do Rio Negro, que abastece Manaus, por processos convencionais. E reconhece que esse procedimento seria de baixo custo para países com grandes dificuldades em obter água potável. “Levar água para se tratar no processo convencional é muito mais barato que o tratamento por osmose reversa”, comenta.

O avanço sobre as reservas hídricas do maior complexo ambiental do mundo, segundo os especialistas, pode ser o começo de um processo desastroso para a Amazônia. E isto surge num momento crítico, cujos esforços estão concentrados em reduzir a destruição da flora e da fauna, abrandando também a pressão internacional pela conservação dos ecossistemas locais.

Entretanto, no meio científico ninguém poderia supor que o manancial hídrico seria a próxima vítima da pirataria ambiental. Porém os pesquisadores brasileiros questionam o real interesse em se levar as águas amazônicas para outros continentes. O que suscita novamente o maior drama amazônico, o roubo de seus organismos vivos. “Podem estar levando água, peixes ou outras espécies e isto envolve diretamente a soberania dos países na região”, argumentou Martini.

A mesma linha de raciocínio é utilizada pelo professor do Departamento de Hidráulica e Saneamento da Universidade Federal do Paraná, Ary Haro. Para ele, o simples roubo de água doce está longe de ser vantajoso no aspecto econômico. “Como ainda é desconhecido, só podemos formular teorias e uma delas pode estar ligada ao contrabando de peixes ou mesmo de microorganismos”, observou.

Essa suposição também é tida como algo possível para Fiamenghi, pois o volume levado na nova modalidade, denominada “hidropirataria” seria relativamente pequeno. Um navio petroleiro armazenaria o equivalente a meio dia de água utilizada pela cidade de Manaus, de 1,5 milhão de habitantes. “Desconheço esse caso, mas podemos estar diante de outros interesses além de se levar apenas água doce”, comentou.

Segundo o pesquisador do Inpe, a saturação dos recursos hídricos utilizáveis vem numa progressão mundial e a Amazônia é considerada a grande reserva do Planeta para os próximos mil anos. Pelos seus cálculos, 12% da água doce de superfície se encontram no território amazônico. “Essa é uma estimativa extremamente conservadora, há os que defendem 26% como o número mais preciso”, explicou.

Em todo o Planeta, dois terços são ocupados por oceanos, mares e rios. Porém, somente 3% desse volume são de água doce. Um índice baixo, que se torna ainda menor se for excluído o percentual encontrado no estado sólido, como nas geleiras polares e nos cumes das grandes cordilheiras. Contando ainda com as águas subterrâneas.

Atualmente, na superfície do Planeta, a água em estado líquido, representa menos de 1% deste total disponível.

A previsão é que num período entre 100 e 150 anos, as guerras sejam motivadas pela detenção dos recursos hídricos utilizáveis no consumo humano e em suas diversas atividades, com a agricultura. Muito disto se daria pela quebra dos regimes de chuvas, causada pelo aquecimento global. Isto alteraria profundamente o cenário hidrológico mundial, trazendo estiagem mais longas, menores índices pluviométricos, além do degelo das reservas polares e das neves permanentes.

Sob esse aspecto, a Amazônia se transforma num local estratégico. Muito devido às suas características particulares, como o fato de ser a maior bacia existente na Terra e deter a mais complexa rede hidrográfica do planeta, com mais de mil afluentes. Diante deste quadro, a conclusão é óbvia: a sobrevivência da biodiversidade mundial passa pela preservação desta reserva.

Mas a importância deste reduto natural poderá ser, num futuro próximo, sinônimo de riscos à soberania dos territórios panamazônicos. O que significa dizer que o Brasil seria um alvo prioritário numa eventual tentativa de se internacionalizar esses recursos, como já ocorre no caso das patentes de produtos derivados de espécies amazônicas. Pois 63,88% das águas que formam o rio se encontram dentro dos limites nacionais.

Esse potencial conflito é algo que projetos como o Sistema de Vigilância da Amazônia procuram minimizar. Outro aspecto a ser contornado é a falta de monitoramento da foz do rio. A cobertura de nuvens em toda Amazônia é intensa e os satélites de sensoriamento remoto não conseguem obter imagens do local. Já os satélites de captação de imagens via radar, que conseguiriam furar o bloqueio das nuvens e detectar os navios, estão operando mais ao norte.

As águas amazônicas representam 68% de todo volume hídrico existente no Brasil. E sua importância para o futuro da humanidade é fundamental. Entre 1970 e 1995 a quantidade de água disponível para cada habitante do mundo caiu 37% em todo mundo, e atualmente cerca de 1,4 bilhão de pessoas não têm acesso a água limpa. Segundo a Water World Vision, somente o Rio Amazonas e o Congo podem ser qualificados como limpos.

Fonte: (Envolverde/Agência Amazônia) e os Verdes/Tapes
www.agenciaamazonia.com.br