O protesto aconteceu na manhã do dia 20 de novembro. A lavagem simbólica ocorrida nas calçadas dos órgãos ambientais foi um protesto contra a manutenção da Secretária da SEMAM e do Superintendente da SEMACE nos cargos que ocupam até que seja efetivada toda a investigação que os prendeu na última semana de outubro, como conseqüência da Operação Marambaia.
O protesto aconteceu na manhã deste 20 de novembro de 2008 – Dia da Consciência Negra. Primeiro, em frente à sede da Secretaria do Meio Ambiente do Município de Fortaleza – SEMAM; em seguida, na sede da Superintendência do Meio Ambiente do Ceará – SEMACE. A lavagem simbólica deve-se a que os movimentos ambientais, indígenas e pescadores/as protestam contra a manutenção da Secretária da SEMAM e do Superintendente da SEMACE nos cargos que ocupam até que seja efetivada toda a investigação que os prendeu sob a acusação de corrupção e tráfico de influência.
No ato foi distribuída uma nota assinada por 24 entidades, movimentos, articulações e redes, que se indignam com a manutenção dos cargos pela Prefeitura de Fortaleza e pelo Governo do Estado do Ceará da gestora e do gestor que estão sob suspeição. A nota pede o aprofundamento das investigações e a apuração rigorosa dos crimes ligados à concessão de licenças, assim como a moratória das licenças concedidas e a suspensão de novas licenças, até que tudo seja apurado. Pede ainda o cancelamento de todas as licenças concedidas irregularmente.
Participaram do ato-protesto indígenas da etnia Tremembé, pescadores e pescadoras vindos de cerca de 10 comunidades do litoral leste e oeste do estado, assim como ambientalistas, estudantes, professor@s universitári@s e o vereador eleito mais votado de Fortaleza, João Alfredo.
Na fala do Pajé Tremembé Luis Caboclo, que fez um ritual de oração antes da lavagem simbólica, “é uma vergonha pro Brasil que aqueles que deveriam cuidar do meio ambiente são os que estão destruindo as nossas riquezas”. A pescadora Mentinha, poeta e integrante do Fórum de Pescadores e Pescadoras do Litoral do Ceará e da Articulação de Mulheres Pescadoras, denunciou também o estado de degradação da Zona Costeira, em que a pesca predatória, os projetos de carcinicultura, de instalação de empresas de energia eólica, além da especulação imobiliária e dos grandes empreendimentos de turismo, estão roubando as formas de vida e de sobrevivência das populações tradicionais.
O ato-protesto, que contou com a presença expressiva da imprensa local, faz parte de uma série de atividades do movimento ambientalista de Fortaleza e do Ceará. Nos seus esforços pela defesa do direito difuso ao meio ambiente, este ano o movimento já entregou aos Ministérios Públicos Federal e Estadual um “Dossiê de Danos Ambientais no Ceará”. Além disso, estabeleceu um processo de diálogo constante para o monitoramento dos casos denunciados no Dossiê, chamado “Fórum Elos e Ecos dos Danos Ambientais”, que tem agendado desde o dia 05 de junho de 2008 até 05 de junho de 2009, encontros trimestrais com os Ministérios Públicos e os órgãos de gestão ambiental e patrimonial no Ceará.
Esta semana, o movimento também divulgou a nota “Escândalo na cúpula ambiental”, distribuída durante o ato-protesto, no jornal O Povo. Toda essa movimentação traduz a preocupação d@s ambientalistas de que fatos como Operação Marambaia não caiam no esquecimento ou, como acontece com muitas investigações, terminem no famoso “deu em pizza”!...
Por Gigi Castro*
*Assessora do Programa Educação, Cultura e Cidadania - Instituto Terramar
Fonte:
www.institutoterramar.org.br
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