quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A Casa de Rachel à Espera de Você







A casa, em meio às árvores do Sertão, à espera dos visitantes; a tela com Rachel na sala de visita; e Luísa Vaz na cozinha de estilo antigo.




Luísa Vaz
Coordenadora do
Movimento Proparque



Em meio à vegetação típica do sertão central, a 30km da sede do município de Quixadá, a casa de Rachel de Queiroz parece sair de vários de seus romances: o terreiro varrido com esmero, circundado de várias plantas de aromas distintos, parece aguardar a dona da casa.
No alpendre, a rede armada é um convite ao balanço e à visão do açude em plano inferior à casa. Debaixo do juazeiro um banco de madeira (pra dois) parece guardar segredos de amor.
A cozinha, como as do povo simples do sertão em tempos idos, tem ao centro o fogão a lenha e ao lado as panelas areadas com esmero, os potes de barro, as canecas de alumínio.
Na sala, a fotografia de Rachel com seu longo sorriso convida à permanência. Livros, estatuetas, lembranças...
Maria Luiza, a Isinha da Rachel, recebe com alegria os visitantes. Sua generosidade foi tanta que chegou a nos oferecer um lanche, o que recusamos por ser demais. Estar na casa onde Rachel viveu a sua própria história e onde teve inspiração para os seus romances, para mim foi uma emoção sem limite.
A casa simples parece um juramento de Rachel às raízes sertanejas. A mulher brilhante da Academia Brasileira de Letras poderia ter tornado sua casa uma mansão, como fazem os endinheirados, mas não: fez questão de deixar o chão de ladrilho, as paredes dobradas mas não tão altas, o teto sem forro deixando à vista a telha de vidro, como em Dora Doralina.
Ao sair, um aperto de saudade, mas não de dor. Pássaros apreendidos pelo Ibama e colocados na fazenda Não me Deixes fazem sua festança de liberdade nos galhos da vegetação rala. Sua cantoria parece uma exaltação à mulher que soube traduzir a beleza e a simplicidade da vida.

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