Fortaleza, 29 de julho de 2009.
Ilmo. Sr.
Dr. Humberto Carvalho Júnior
Titular da Secretaria Executiva Regional II Fax: 3216.1808
Nesta
Prezado Senhor,
SOLICITAÇÃO DE AUDIÊNCIA – O Movimento Proparque solicita-lhe uma audiência, dia 4 de agosto de 2009, terça-feira, às 9 horas, no anfiteatro do Parque Ecológico Rio Branco. Solicitamos suas gestões para que também esteja presente o Presidente da Emlurb, Sr. Roberto Rodrigues, para uma conversa e deliberação em cima da seguinte pauta:
1. Regularização jurídica do parque, de modo que ele volte a ter os limites do decreto de 1992. Dessa forma, serão readmitidas no parque áreas como o início da R. Frei Vidal, a oficina da Av. Visconde do Rio Branco, 3497; R. Castro Alves, 210 e 298A, a Vila Manduca (R. Castro Alves, 288); e o terreno murado, próximo à nascente do riacho.
2. Plano de manejo do parque:
* Continuam os cortes de árvores (castanholeiras). A nosso ver, cortes sem critério. No último, dia 20 de julho, ao ser derrubada, a árvore quebrou o piso e uma ponte.
* Plantio e aguação de árvores no parque.
* Capinas que, em geral, matam também mudas plantadas por nós.
* Colocação de lixo, à noite, no riacho que desagua no parque pela R. Pe. Antonino.
* A grade da R. Pe. Antonino com R. Castro Alves permite jogar lixo no parque e que assaltantes ali se refugiem com objetos roubados.
* Tratamento a ser dado às margens dos riachos, para evitar a erosão que desmancha as barreiras de contenção e descobre as raízes das árvores.
* Formas de aproveitar as folhas das árvores, por exemplo, em processo de compostagem, de modo que elas contribuam para fertilizar o solo. A simples retirada delas, como feita hoje, compacta o solo e causa erosão.
* Segurança, para evitar mortes como a da madrugada de 24.08.2009.
Sem mais, e certa deste apoio, apresentamos-lhes nossas saudações.
Luísa Vaz
Coordenadora do Movimento Proparque
Fones para resposta: 3254.1203 e 8838.1203
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Morte no Parque
Por Luísa Vaz
Coordenadora do Movimento Proparque
Dia 24, sexta-feira, após uma existência de 24 anos sem rumo certo, tombou sem vida um jovem após um desentendimento ou acerto de contas, não se sabe ao certo. Caso de polícia que, no entanto, não passa por nós sem nos deixar uma sensação de derrota por mais uma vida perdida.
O crime aconteceu no interior do parque, o que causou muita apreensão aos seus frequentadores. O Movimento Proparque, no entanto, considera que esse fato lamentável poderia ocorrer em qualquer lugar da cidade, que se torna violenta, dados os seus problemas sociais e a falta de respostas consistentes do poder público. Por outro lado, o triste acontecimento reflete a necessidade de mais segurança no parque. Há anos o Movimento Proparque pleiteia segurança 24 horas como forma de dar sustentabilidade ao parque e tranquilidade aos seus frequentadores.
Dá pena ver um jovem em plena forma física, cheio de saúde e vitalidade, andar sem rumo mundo afora, tangido pelo desespero para o submundo das drogas e do crime. A despeito do nosso lamento, a situação de vulnerabilidade a que chegou a nossa juventude desassistida de políticas públicas parece se encaminhar para um destino cruel onde a vida vale pouco ou quase nada.
Coordenadora do Movimento Proparque
Dia 24, sexta-feira, após uma existência de 24 anos sem rumo certo, tombou sem vida um jovem após um desentendimento ou acerto de contas, não se sabe ao certo. Caso de polícia que, no entanto, não passa por nós sem nos deixar uma sensação de derrota por mais uma vida perdida.
O crime aconteceu no interior do parque, o que causou muita apreensão aos seus frequentadores. O Movimento Proparque, no entanto, considera que esse fato lamentável poderia ocorrer em qualquer lugar da cidade, que se torna violenta, dados os seus problemas sociais e a falta de respostas consistentes do poder público. Por outro lado, o triste acontecimento reflete a necessidade de mais segurança no parque. Há anos o Movimento Proparque pleiteia segurança 24 horas como forma de dar sustentabilidade ao parque e tranquilidade aos seus frequentadores.
Dá pena ver um jovem em plena forma física, cheio de saúde e vitalidade, andar sem rumo mundo afora, tangido pelo desespero para o submundo das drogas e do crime. A despeito do nosso lamento, a situação de vulnerabilidade a que chegou a nossa juventude desassistida de políticas públicas parece se encaminhar para um destino cruel onde a vida vale pouco ou quase nada.
segunda-feira, 20 de julho de 2009
A Castanholeira Chora seu Próprio Fim
Uma castanholeira do Parque Ecológico Rio Branco foi brutalmente cortada hoje, 20 de julho. Luísa Vaz assim expressa sua revolta ante o tratamento da Prefeitura Municipal de Fortaleza às árvores que ela deveria cuidar.
Hoje, Dia do Amigo, filtrei os primeiros raios de sol seguindo uma rotina de longos anos. Primeiro vieram os pássaros com suas cantorias, depois os amigos do parque em alegre vaivém.
Eu não tenho uma história nacional e por isso não desfruto a consideração das nativas, mas todos hão de convir que sou boa de sombra e os pássaros gostam dos meus frutos. Passei toda a minha vida cumprindo essa missão de amiga, pois assim fui denominada numa canção: “As árvores são amigas, purificam o ar, acolhem os passarinhos que nela vêm pousar...”
Eu protegi meus amigos contra o sol e até contra a chuva, mas o tempo envergou meus galhos, secando-os. Além disso, fui atacada por uma legião de parasitas que sugaram parte da minha vitalidade. Eu teria gostado de receber um auxílio em meu tronco, talvez um inseticida que expulsasse os malfeitores da minha vida, mas por eu não ser considerada nobre, apontaram-me uma serra elétrica. E eu tinha ânsia de vida, disposta que estava a ver outros dias amanhecendo, mas meu fim foi determinado sem nenhuma lógica.
Ninguém pode ouvir meus gritos de dor. Em pouco tempo fui violentamente decepada de minhas raízes e caí a esmo, feito um estrupício, levando a destruição ao meu entorno. E eu que só queria ser amiga, dar sombra, purificar o ar, de repente fui impelida a causar estragos na ponte onde seu Zé Maia dava mais uma volta derrapando de tão veloz. Com a violência com que fui atirada ao chão, carreguei comigo a fiação dos postes, levando medo e indignação aos frequentadores do parque. Meu tronco forte abriu uma cratera no piso, que agora representa mais um perigo.
Enquanto caía, me veio a saudade do alarido das crianças nos brinquedos, dos transeuntes apressados, das manifestações do Proparque, saudade de minha raiz apartada de mim.
Adeus, Parque Rio Branco! Vou para um destino incerto, o lixo talvez. Minhas folhas estão espalhadas feito lágrimas. Amanhã os varredores limparão minha existência e em meu lugar restará o vazio, que deve ser semelhante ao cérebro de quem me destruiu.
Hoje, Dia do Amigo, filtrei os primeiros raios de sol seguindo uma rotina de longos anos. Primeiro vieram os pássaros com suas cantorias, depois os amigos do parque em alegre vaivém.
Eu não tenho uma história nacional e por isso não desfruto a consideração das nativas, mas todos hão de convir que sou boa de sombra e os pássaros gostam dos meus frutos. Passei toda a minha vida cumprindo essa missão de amiga, pois assim fui denominada numa canção: “As árvores são amigas, purificam o ar, acolhem os passarinhos que nela vêm pousar...”
Eu protegi meus amigos contra o sol e até contra a chuva, mas o tempo envergou meus galhos, secando-os. Além disso, fui atacada por uma legião de parasitas que sugaram parte da minha vitalidade. Eu teria gostado de receber um auxílio em meu tronco, talvez um inseticida que expulsasse os malfeitores da minha vida, mas por eu não ser considerada nobre, apontaram-me uma serra elétrica. E eu tinha ânsia de vida, disposta que estava a ver outros dias amanhecendo, mas meu fim foi determinado sem nenhuma lógica.
Ninguém pode ouvir meus gritos de dor. Em pouco tempo fui violentamente decepada de minhas raízes e caí a esmo, feito um estrupício, levando a destruição ao meu entorno. E eu que só queria ser amiga, dar sombra, purificar o ar, de repente fui impelida a causar estragos na ponte onde seu Zé Maia dava mais uma volta derrapando de tão veloz. Com a violência com que fui atirada ao chão, carreguei comigo a fiação dos postes, levando medo e indignação aos frequentadores do parque. Meu tronco forte abriu uma cratera no piso, que agora representa mais um perigo.
Enquanto caía, me veio a saudade do alarido das crianças nos brinquedos, dos transeuntes apressados, das manifestações do Proparque, saudade de minha raiz apartada de mim.
Adeus, Parque Rio Branco! Vou para um destino incerto, o lixo talvez. Minhas folhas estão espalhadas feito lágrimas. Amanhã os varredores limparão minha existência e em meu lugar restará o vazio, que deve ser semelhante ao cérebro de quem me destruiu.
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