quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O lixo e a cidade insustentável

 

Todo dia, há mais de dois anos, é a mesma coisa na entrada do Parque Ecológico Rio Branco que fica no final da rua João Cordeiro: a toda hora os carroceiros chegam com entulhos de  construção, galhos de árvores, cascas e sementes de frutas, armários  e sofás velhos, vasos sanitários, papéis, eletrodomésticos imprestáveis e até animais mortos, além de restos de comida estragada. Infelizmente, nessa triste tarefa de sujar os carroceiros não estão sós. Pessoas da rua Castro Alves e da Vila São Gabriel desconsideram a coleta sistemática e também jogam lá o lixo produzido em suas casas.

Parceiros da rotina dos sujões, os caminhões de empresas terceirizadas a serviço da Emlurb chegam todo dia, quase sempre entre 6h e 8h e recolhem penosamente toda a sujeira. Tudo estaria “certo” se em pouco tempo não recomeçasse a descarga de tudo que é imundície, principalmente entulhos resultantes de reformas e construções.

Maior vítima dessa deplorável situação é quem mora mais próximo do local, no caso a família do senhor François Wellimin, que fez de tudo para impedir essa prática, mas foi vencido pela omissão do poder público. No início ele tentou argumentar com os carroceiros mostrando que aquilo estava errado, mas as reações eram sempre de grosserias do tipo “a rua não é sua” ou, sendo ele francês, eles diziam “volte para o seu país.”

O Movimento Proparque alertou a Emlurb ainda no início dessa “ocupação”, que na época, em 2010, era feita apenas por um carroceiro. Na tentativa de chamar a atenção do poder público e conscientizar a população foi feita uma Manhã Verde, quando alunos do curso de Artes Plásticas do IFET-CE fizeram uma grafitagem com a temática do meio ambiente saudável. Nós do Proparque distribuímos material impresso com informações sobre a coleta sistemática e advertências dos agravos à saúde que o lixo pode causar. 


A Emlurb colocou fiscais no local, mas estes se diziam ameaçados pelos carroceiros, que rapidamente cresceram em número diante da facilidade de ganhar dinheiro de pessoas inescrupulosas que não se responsabilizam pelo lixo produzido em suas empresas ou residências. Hoje não se veem mais fiscais no local nem se pode lamentar a ausência deles, pois de fato eles não resolvem o problema.

Assim, chegamos a uma situação insustentável, pois a cada dia mais lixo é depositado ali. As caçambas tiram, os carroceiros botam, num círculo vicioso que não tem fim.   Poeira, mau cheiro e barulho incomodam durante a colocação do lixo pelos carroceiros, enquanto o lixo permanece no local e quando enfim é retirado pelos carros das empresas terceirizadas de limpeza. Quem estaciona seu automóvel e vai caminhar, ao retornar encontra-o coberto de poeira. Os que entram ou saem do parque durante a retirada do lixo tapam o nariz com a mão ou correm para se proteger da poeira. É que os homens que trabalham nas caçambas recolhem o lixo com pás, o que ocasiona também um risco para a saúde desses homens que trabalham sem os equipamentos de proteção individual. 





Um comentário:

Claus Casto disse...

Mudará alguma coisa a partir do ano que vem ou tudo será canalizado para os mares -- de dinheiro -- da Copa do Mundo?