segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Agressão ao Movimento Proparque

Morador do bairro Joaquim Távora dirige palavras ásperas à coordenadora do Movimento Proparque, Luísa Vaz, a exigir que ela "resolva" o problema de pessoas que jogam lixo na entrada do Parque Ecológico Rio Branco pela R. Castro Alves.

Eis o conteúdo do e-mail de Luísa Vaz ao agressor:


Prezado Senhor,

Ontem o senhor me fez uma abordagem hostil e injusta ao afirmar "que não fazemos nada", como se nós estivéssemos num cargo ou função de governo. Naquela hora eu não lhe respondi primeiro porque já ia atrasada para o meu exercício de tai-chi, e segundo porque vi que o senhor estava emocionalmente alterado e isso poderia dar um resultado indesejável para mim.

Contudo, não poderei deixar de lhe dizer que suas palavras me surpreenderam, pois sempre tivemos uma postura de respeito e atenção com o senhor e eu, de fato, não esperava do senhor palavras tão ásperas, como se fôssemos culpados pela má educação dos outros.

Faço questão de esclarecer ao senhor que nossa ação no parque é voluntária, de cidadãos que querem viver num ambiente melhor. Não recebemos verba ou contribuição de ninguém, nem de governos nem de empresas. Somos trabalhadores como o senhor, com tarefas diárias a cumprir. O Ademir é técnico científico do BNB há mais de trinta anos. Eu sou revisora de textos e trabalho em casa, pela internet. Sacrificamos boa parte do tempo que seria para o nosso uso individual e familiar e colocamos a serviço do parque há mais quinze anos porque achamos importante dar essa contribuição cidadã. Mas, de antemão, não temos obrigação de fazer ou deixar de fazer qualquer coisa nessa ação, desde que dentro dos limites da lei.

O senhor talvez não saiba, mas temos feito muita coisa, sim. Claro que não como executores, pois como já lhe expliquei, não somos agentes do governo, não temos o poder de deliberar as coisas que julgamos necessárias e urgentes. Fazemos o que nos é permitido dentro da lei e da democracia, que é cobrar do poder público. E cobramos muito. O senhor não sabe porque não participa, não quer se envolver, como me explicou, e eu respeito a sua posição. Só para citar um exemplo, levamos, em março deste ano, à Emlurb, um relatório com nomes e endereços de pessoas que jogam lixo no parque e em seu entorno. Os técnicos fizeram uma visita a essas famílias e a primeira providência deles foi me entregar como autora da reclamação. Por isso eu sofri xingamentos e ameaças de pessoas da nossa redondeza. Por uns dias veio um vigia para inibir a ação dos sujões, mas não deu em nada, as pessoas continuaram jogando lixo.

Infelizmente os problemas do parque não se resumem ao lixo. Há invasões, falta de segurança, vandalismo, violência... e nós somos poucos para dar conta de tanta coisa, pois aqui no Brasil as pessoas não desenvolveram a consciência cidadã e cada um só cuida do próprio umbigo. Mas nossa ação tem resultado, sim. Ou, em outras palvras, se não fosse a nossa ação o senhor poderia estar vendo problemas bem maiores que o lixo.

Para finalizar, deixo o meu lamento de ver que estamos em mundo onde ser cidadão dói. Somos destratados até por quem deveria nos compreender, pois o senhor já deve ter sentido na pele que o lixo jogado nas ruas nem a prefeitura está conseguindo resolver, quanto menos uma pequena organização voluntária.

Atenciosamente,

Luísa Vaz
Coordenadora do Movimento Proparque
Fortaleza, 21 de agosto de 2010

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